quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Quando é que passará esta dor?



Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei.
O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde?
Como?
Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida,
Quem tens lá no fundo?
É esse!
É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!

Álvaro de Campos(in Obras Completas II)





Para muitos falar sobre dor é também abordar o sofrimento.
Porque ambos estão interligados.
Será que a dor nos transporta inevitavelmente para o sofrimento em todas as circunstâncias?
A dor física ou emocional é sempre sentida como uma ameaça à integridade pessoal.
Aliado a esta, surge o sofrimento revestido de sentimentos negativos como a angústia, a tristeza e o desespero, colocando a pessoa afectada num estado de total vulnerabilidade face ao mundo que a rodeia.



(Voltarei brevemente a este tema...)